domingo, outubro 05, 2014
sábado, novembro 22, 2008
Berlusconi e MAriano Gago
Que tem Berlusconi, um homem de direita, a ver com Mariano Gago, um homem de esquerda ?
Coloque-se a palavra "Processo de Bolonha pelo meio e percebe-se melhor.
Desde 1995 que a European Round Table of Industrialists (ERT) uma “selecção europeia de empresários”, tem recomendado um modelo de ensino para a Europa com base na experiência dos gestores de grandes empresas. Em nome da empregabilidade e da competitividade, querem licenciados a empregar e não licenciados com formação.
A Assembleia da República aprovou o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) como passo desse processo que pretende generalizar esse modelo que corre na Europa. Ao RJIES seguem-se as disposições sobre a Avaliação e um novo Estatuto da Carreira Docente dos universitários.
A infantilização do ensino superior é crescente: dezenas ou centenas de horas perdidas pelos professores universitários a preencher matrizes, brochuras, e respostas à tutela. As licenciaturas sem o apoio de lobbies profissionais - como Filosofia,
História e Ciências Puras - são trucidadas pois não fornecem quadros para a “verdadeira escola” que é a empresa, e “perdem tempo” com uma educação que não interessa aos gestores.
Conseguirá a Universidade resistir a deixar-se tratar como uma organização empresarial ?
Berlusconi e MAriano Gago
Que tem Berlusconi, um homem de direita, a ver com Mariano Gago, um homem de esquerda ?
Coloque-se a palavra "Processo de Bolonha pelo meio e percebe-se melhor.
Desde 1995 que a European Round Table of Industrialists (ERT) uma “selecção europeia de empresários”, tem recomendado um modelo de ensino para a Europa com base na experiência dos gestores de grandes empresas. Em nome da empregabilidade e da competitividade, querem licenciados a empregar e não licenciados com formação.
A Assembleia da República aprovou o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) como passo desse processo que pretende generalizar esse modelo que corre na Europa. Ao RJIES seguem-se as disposições sobre a Avaliação e um novo Estatuto da Carreira Docente dos universitários.
A infantilização do ensino superior é crescente: dezenas ou centenas de horas perdidas pelos professores universitários a preencher matrizes, brochuras, e respostas à tutela. As licenciaturas sem o apoio de lobbies profissionais - como Filosofia,
História e Ciências Puras - são trucidadas pois não fornecem quadros para a “verdadeira escola” que é a empresa, e “perdem tempo” com uma educação que não interessa aos gestores.
Conseguirá a Universidade resistir a deixar-se tratar como uma organização empresarial ?
terça-feira, julho 01, 2008
Espaços Verdes
O jardim do Palácio Galveias em obras vai ser de novo visualmente tapado. Em vez de deixarem Sá Fernandes, o Vereador dos Espaços Verdes manter o jardim com um gradeado protector para o público o poder desfrutar visualmente, os serviços de Cultura de que depende a Biblioteca Municipal no Palácio Galveias impuseram que se refizesse o muro anteriormente existente, cortando aos olhos do público este espaço lisboeta. E assim se corre o risco de perder o que aos cidadãos pertence ...
domingo, junho 15, 2008
António Gedeão "Poema do Alegre Desespero"
ninguém se lembre de certo Fernão barbudo
que plantava couves em Oliveira do Hospital,
ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores
que tirou um retrato toda vestida de veludo
sentada num canapé junto de um vaso com flores.
Compreende-se.
E até mesmo que já ninguém se lembre que houve três impérios no Egipto
(o Alto Império, o Médio Império e o Baixo Império)
com muitos faraós, todos a caminharem de lado e a fazerem tudo de perfil,
e o Estrabão, o Artaxerpes, e o Xenofonte, e o Heraclito,
e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do Péricles, e a retirada dos dez mil,
e os reis de barbas encaracoladas que eram senhores de muitas terras,
que conquistavam o Lácio e perdiam o Épiro, e conquistavam o Épiro e perdiam o Lácio,
e passavam a vida inteira a fazer guerras,
e quando batiam com o pé no chão faziam tremer todo o palácio,
e o resto tudo por aí fora,
e a Guerra dos Cem Anos,
e a Invencível Armada,
e as campanhas de Napoleão,
e a bomba de hidrogénio,
e os poemas de António Gedeão.
Compreende-se.
Mais império menos império,
mais faraó menos faraó,
será tudo um vastíssimo cemitério,
cacos, cinzas e pó.
Compreende-se.
Lá para o ano três mil e tal.
E o nosso sofrimento para que serviu afinal?
António Gedeão "Poema do Alegre Desespero"