segunda-feira, julho 23, 2007

1º Seminário/Debate Somos Portugueses

1º Seminário/Debate Somos Portugueses
Convidamos os interessados a participar no seminário/debate do think tank SomosPortugueses. Este terá lugar no próximo dia 28 de Julho de 2007 em Lisboa, na York House (R. das Janelas Verdes) das 17h às 19h30.Confirmar presença para: webmaster@somosportugueses.comOrdem de Trabalhos:1. Breve apresentação do Think Tank e Portal SomosPortugueses.com2. Debate da resolução 001/2007: «Ordenamento do Território: A Região Metropolitana de Lisboa» (clique aqui para ler o texto completo)a) Votação das Propostas de Alteraçãob) Votação do Texto Final3. Debate livre sobre outros assuntos prementes.No caso de desejar enviar uma proposta de alteração à resolução em debate, agradecemos que utilize o seguinte formulário para a fazer chegar à organização: Clique aqui.Data limite para recepção de propostas de alteração: 26 de Julho.
A resolução, após a aprovação pelos presentes, será apresentada aos órgãos competentes e divulgada à sociedade em geral. (mais informações)

domingo, julho 22, 2007

Da Dulce, com Amor (a Portugal).

Os decibéis vão bem altos para que cheguem a todos os prémios Nobel portugueses, que escolheram viver em terras castelhanas...


(Amor a Portugal - Dulce Pontes)

quinta-feira, julho 19, 2007

1º Seminário/Debate do Somos Portugueses


Convidamos os interessados a participar no seminário/debate do think tank SomosPortugueses. Este terá lugar no próximo dia 28 de Julho de 2007 em Lisboa, na York House (R. das Janelas Verdes) das 17h às 19h30.

Confirmar presença para: webmaster@somosportugueses.com

Ordem de Trabalhos:

1. Breve apresentação do Think Tank e Portal SomosPortugueses.com

2. Debate da resolução 001/2007: «Ordenamento do Território: A Região Metropolitana de Lisboa» (clique aqui para ler o texto completo)
a) Votação das Propostas de Alteração
b) Votação do Texto Final

3. Debate livre sobre outros assuntos prementes.

No caso de desejar enviar uma proposta de alteração à resolução em debate, agradecemos que utilize o seguinte formulário para a fazer chegar à organização: http://www.somosportugueses.com/modules/liaise/index.php?form_id=2


Data limite para recepção de propostas de alteração: 26 de Julho.

A resolução, após a sua aprovação pelos presentes, será apresentada aos órgãos competentes e divulgada à sociedade em geral. (mais informações)


Esperamos poder contar com a sua presença.

A Organização
Somos Portugueses.com

Era tão «simplex» actualizar o site...

quarta-feira, julho 18, 2007

Ibéria, capital: Lisboa


Ibéria, capital: Lisboa
"Não sou profeta, mas Portugal acabará por integrar-se na Espanha" - José Saramago in Diário de Notícias online, 15.07.2007Não fora o homem estar eterna e agradecidamente enamorado de uma linda sevilhana chamada Pilar del Rio, que muitíssima importância teve para o êxito internacional do escritor ribatejano, e o assunto do seu reiterado iberismo mereceria, de facto, extenso debate, em vez da urticária que atacou imediatamente alguns arautos profissionais da portugalidade. No entanto, o "sentido de oportunidade" da sua entrevista ao Diário de Notícias, fazendo-a coincidir com a visita do rei de Espanha a Portugal no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia, teve o esperado condão de excitar os espíritos fracos de ambos os lados da fronteira.

Saramago regressa às "portadas" dos jornais e televisões, e à netosfera, com uma questão típica do século 19: o iberismo. Homens de uma bem mais notável craveira intelectual que Saramago, refiro-me a Miguel de Unamuno, Antero de Quental, Teófilo Braga e António Sérgio, ou mesmo a escritores seus contemporâneos, como Miguel Torga, António Lobo Antunes e Eduardo Lourenço, sonharam ou sonham igualmente com formas mais ou menos evoluídas de iberismo. O já desaparecido José Rodrigues Miguéis, num dos seus deliciosos bilhetes postais publicados no extinto Diário Popular, falava, mais limitadamente, de uma nova quimera que baptizou com o nome Portugalícia. Em suma, se durante tantos séculos fomos aliados dos ingleses, para nos defendermos dos castelhanos, depois da vergonhosa Conferência de Berlim (1885-1885) e do ultimato inglês a Portugal, rejeitando o Mapa cor-de-rosa (com que Portugal pretendia assegurar uma boa presença na partilha colonial do continente africano então em curso pelas principais potências europeias), tal ideal estratégico chegara irremediavelmente ao fim. Por outro lado, a decadência mais geral e profunda dos povos peninsulares, verberada por Miguel de Unamuno, tornar-se-ia uma realidade cada vez mais pesada de consequências, tanto para os povos ibéricos como para os dois estados que os protagonizam. A Espanha deixou entrar Napoleão no seu território a pretexto de obrigar Portugal a cumprir o bloqueio contra os ingleses, a decadente corte lusitana, em consequência desta invasão francesa, fugiu para o Brasil. Mais tarde, a derrota espanhola de 1898, na disputa com os Estados Unidos pelo controlo do continente americano, mergulharia este país num declínio económico e político de que só sairia após a morte de Franco. Perdidos os impérios coloniais espanhol e português, findas as ditaduras oportunistas que emergiram da crise finissecular em ambos os países, criada a União Europeia, nada mais natural do que repensar as relações entre os vários povos ibéricos, entre as várias nações históricas da península e entre os dois estados que há muitos séculos protagonizam as suas alegrias e as suas tristezas. Tudo isto pode e deve ser feito, com tempo, com cautela, com transparência e sobretudo com elasticidade. Mas daí a alimentarem-se ilusões sobre uma nova união ibérica vai um passo de gigante demasiado improvável. A menos que a capital dessa união seja Lisboa, claro!
O problema do poder não se mede hoje em dia pelo critério demográfico, particularmente se estão em causa escalas tão exíguas. O que conta hoje e no futuro próximo são as grandes concentrações urbanas (Madrid, Lisboa-Porto, Barcelona-Valencia) e os sectores-regiões económico-financeiros, logísticos, tecnológicos, de serviços e político-militares, que as mesmas representam e controlam. Neste sentido, seria imperdoável tolerar que a ingenuidade prevalecesse sobre o realismo dos jogos de estratégia em curso. Madrid pretende hegemonizar radialmente a península ibérica - e para isso, tudo tem feito, no sentido de transformar a capital espanhola numa super-metrópole política e financeira. Lisboa, com o Porto e Barcelona (e Bilbao), não estarão jamais dispostos a sucumbir a esta estratégia, e por isso continuarão a desenvolver esforços para consolidar, sob todos os pontos de vista, os aneis atlântico e mediterrânico, de que a sobrevivência estratégica da península afinal depende. A União Europeia irá passar nas próximas décadas por duras provas à sua consistência estratégica e à sua governabilidade interna, sobretudo por causa das questões energéticas, ambientais, mas também das que respeitam à imediata questão do alargamento. Deverão a Turquia e Marrocos integrar-se na União Europeia, como pretende a Alemanha e vários estados da União (entre eles, Portugal e Espanha), ou, pelo contrário, formar com o resto do Magrebe uma União Mediterrânica, como quer Sarkozi? Se os EUA atacarem o Irão, e a Rússia sair em defesa deste, que fará a Europa? Qual Europa? Portugal é um estado independente há 868 anos; a Espanha é um reino unificado e independente há 538 anos. Vamos pois deixar, para já, as coisas como estão, e um dia, quando a Europa for o que promete, voltemos então a discutir a organização política da ibéria.

segunda-feira, julho 16, 2007

Resposta a Saramago

Abençoada a alma que escreveu, em resposta a Saramago:

"Mais vale ser português por um minuto que castelhano toda a vida."

Imagem retirada de http://oam.risco.pt/blogger.html
A Itália mudou o sistema partidário em 1991, a França está a mudar desde 2003. Em Portugal, a transição começou com a votação de 1.200.000 portugueses em Manuel Alegre. É nesta tendência europeia e nacional que se inscrevem os resultados das eleições intercalares de Lisboa (15-07-2007) que anunciam a tendência irreversível para a exaustão do actual sistema partidário, se não mesmo do regime de representação consagrado pela Constituição da República.A abstenção de 62,6% em Lisboa é um cartão amarelo mostrado pelos eleitores à alternância do Bloco Central.

Os dois independentes, Helena Roseta e Carmona Rodrigues, somaram 27%. E independente é Sá Fernandes perante o BE, como independentes são muitos dos candidatos das numerosas listas candidatas. Quando Jerónimo de Sousa diz que a CDU é a 3º força partidária não é só ele que fala: é a voz da ortodoxia do regime a querer silenciar a vitória dos independentes.A vitória dos independentes é o lado positivo destas eleições de Julho de que a abstenção maciça foi o reverso negativo. Os seus resultados revelam um novo eleitorado democrático, que “já não vai em cantigas”. Nas novas redes da população urbana, existem matrizes de informação e de superação dos medos e das ideologia que estão fora do controlo dos partidos políticos e que têm capacidade de influenciar a agenda política nacional. O caso mais recente em Portugal era o da rejeição do erro da Ota. Agora são as máquinas partidárias actuais a serem julgadas conforme as suas expectativas arrogantes.

É por isso que o PS também perdeu as eleições ou, como se diz classicamente, teve uma vitória à Pirro. António Costa solicitou durante a campanha a maioria absoluta. Fez uma campanha limpa mas sem rasgo, mas teve menos votos que Carrilho e falhou estrondosamente a maioria absoluta. Agora terá de escolher a “passadeira” por onde quer desfilar. A amarela de Carmona Rodrigues leva-o a acordos pontuais. A passadeira vermelha que lhe foi estendida pelo secretário-geral do PCP, com piscadela de olho a Manuel Salgado, ressuscita a frente popular. As outras passadeiras multicolores, de Roseta e Sá Fernandes são ainda mais difíceis e tudo anuncia a ingovernabilidade destes dois anos até 2009.

O PSD de Marques Mendes que criou a crise sem ter uma solução à vista perdeu 90.000 votos em Lisboa e é o maior perdedor. Continuará a pagar a crise de governação de Lisboa com juros ainda incalculáveis para o Partido. A sua maioria na Assembleia Municipal de Lisboa, legítima em termos formais, tornou-se ilegítima em termos políticos.

Quanto aos outros partidos, do ponto de vista do Bloco Central, são todos pequenos. E por isso, tanto faz que a CDU tenha dois vereadores como que o CDS-PP não tenha nenhum. Com outras campanhas e outras personalidades e empenhamentos os resultados seriam diferentes mas nunca seriam alternativos. A população gosta de coerência no discurso e não gosta de facadas nas costas.Os resultados eleitorais de Carmona Rodrigues e Helena Roseta significam o fim à vista do Bloco Central. O Partido Social Democrata e o Partido Socialista já não mobilizam como dantes os eleitorados tradicionais, que têm crescentes dúvidas sobre as opções económicas e sociais do Governo ( escutem-se as vaias ao Primeiro Ministro) e nada ouvem de construtivo da Oposição. As duas direcções – a de Governo sem oposição e a de Oposição desgovernada - abdicaram de defender interesses nacionais evidentes e parecem subservientes a cálculos económicos a curto prazo.

Claro que as pressões do regime para que os independentes de Lisboa regressem ao rebanhos partidários serão fortíssimas. Eles não têm um caminho fácil. Terão diante de si dois caminhos: ou avançar para a criação de novos partidos, a pedido do número crescente de votantes descontentes com o Bloco Central, ou manter-se activos na refundação da democracia económica e social, como garantia futura de liberdade e independência nacional. Agora que os saramagos voltam a dizer que devíamos ser iberistas, está por fazer o caminho da transição democrática de que depende o futuro português como nação independente e parceiro europeu a corpo inteiro.

domingo, julho 08, 2007

Teremos ainda Portugal? António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro

"O título tem um tom provocatório, mas eu vou justificar. Não digo que esteja para breve o nosso fim de país independente e livre. Mas, pelo andar da carruagem, traduzido em factos e sintomas, a doença é grave e pode levar a uma morte evitável. Aliás, já por aí não falta gente a lamentar a restauração de 1640 e a dizer que é um erro teimarmos numa península ibérica dividida. De igual modo, falar-se de identidade nacional e de valores tradicionais faz rir intelectuais da última hora e políticos de ocasião. O espaço nacional parece tornar-se mais lugar de interesses, que de ideais e compromissos.


Há notícias publicadas a que devemos prestar atenção. Por exemplo: um terço das empresas portuguesas já é pertença de estrangeiros; 60% dos casais do país têm apenas um filho; vão fechar mais cerca de mil escolas ou de mil e trezentas, como dizem outras fontes; nas provas de língua portuguesa dos alunos do básico, os erros de ortografia não contam; o ensino da história pouco interessa, porque o importante é olhar para a frente e não perder tempo com o passado; a natalidade continua a descer e, por este andar, depressa baterá no fundo; não há nem apoios nem estímulos do Estado para quem quer gerar novas vidas, mas não faltam para quem quiser matar vidas já geradas; a família consistente está de passagem e filhos e pais idosos já não são preocupação a ter em conta, porque mais interessa o sucesso profissional; normas e critérios para fazer novas leis têm de vir da Europa caduca, porque dela vem a luz; a emigração continua, porque a vida cá dentro para quem trabalha é cada vez mais difícil; os que estão fora negam-se a mandar divisas, por não acreditarem na segurança das mesmas; os investigadores mais jovens e de mérito reconhecido saem do país e não reentram, porque não vêem futuro aqui; a classe média vai desaparecer, dizem os técnicos da economia e da sociologia, uma vez que o inevitável é haver só ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres; os políticos ocupam-se e divertem-se com coisas de somenos; e já se diz, à boca cheia, que o tempo dos partidos passou, porque, devido às suas contradições, ninguém os toma a sério; a participação cívica do povo é cada vez mais reduzida e mais se manifesta em formas de protesto, porque os seus procuradores oficiais se arvoram, com frequência, em seus donos e donos do país e fazedores de verdades dúbias; programa-se um açaime dourado para os meios de comunicação social; isolam-se as pessoas corajosas e livres, entra-se numa linguagem duvidosa, surgem mais clubes de influência, antecipam-se medidas de satisfação e de benefício pessoal…


Não é assim, porventura, que se acelera a morte do país, quer por asfixia consciente, quer por limitação de horizontes de vida?É verdade que muitos destes problemas e de outros existentes podem dispor de várias leituras a cruzar-se na sua apreciação e solução. Mais uma razão para não serem lidos e equacionados apenas por alguns iluminados, mas que se sujeitem ao diálogo das razões e dos sentimentos, porque tudo isto conta na sua apreciação e procura de resposta.
Há muitos cidadãos normais, famílias normais, jovens normais. Muita gente viva e não contaminada por este ambiente pouco favorável à esperança. Mas terão todos ainda força para resistir e contrariar um processo doentio, de que não se vê remédio nem controle?

Preocupa-me ver gente válida, mas desiludida, a cruzar os braços; povo simples a fechar a boca, quando se lhe dá por favor o que lhes pertence por justiça; jovens à deriva e alienados por interesses e emoções de momento, que lhes cortam as asas de um futuro desejável; o anedótico dos cafés e das tertúlias vazias, a sobrepor-se ao tempo da reflexão e da partilha, necessário e urgente, para salvar o essencial e romper caminhos novos indispensáveis. Se o difícil cede o lugar ao impossível e os braços caem, só ficam favorecidos aqueles a quem interessa um povo alienado ao qual basta pão e futebol…
Mas não é o compromisso de todos e a esperança activa que dão alma a um povo?"

D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro

quinta-feira, julho 05, 2007

Petição MovArte

Chegou-me esta petição online, que se bate pela importância do Ensino Artístico em Portugal. Numa altura em que quem é Berardo é rei, e que ao mesmo tempo perde expressão a via artística no panorama social português, «músicos, musicólogos, professores, alunos, e outros cidadãos particularmente preocupados com o Ensino Artístico» promovem assim esta petição assente nos seguintes pontos:

* uma verdadeira universalidade de acesso ao Ensino Artístico, estabelecendo uma plataforma de conhecimentos culturais e artísticos a atingir ao nível da escolaridade obrigatória;

* a clarificação do estatuto dos Conservatórios, nomeadamente no que se refere à sua missão, como escolas de excelência artística, na formação de artistas e tendo em conta a especificidade de cada uma destas formações especializadas;

* a clarificação da legislação que regula o estatuto dos regimes de Ensino Artístico Especializado, no sentido de uma melhor articulação dos três regimes (integrado, articulado e supletivo) com o Ensino Geral, e permitindo uma verdadeira liberdade de escolha por parte das famílias do regime a frequentar pelos seus educandos;

* a regulamentação da contratação dos docentes do Ensino Artístico Especializado, dando clara preferência a uma vinculação contratual dos docentes às escolas e conservatórios;

* a regulamentação do regime de trabalho dos docentes-artistas do Ensino Artístico Especializado, tendo em conta que sem experiência regular de palco, não é possível ensinar os alunos a fazer face a essa experiência;

* a adequação do financiamento dos Conservatórios ao nível de exigência enquanto escolas de excelência e de Ensino Especializado, permitindo condições adequadas à qualidade de formação que se pretende, nomeadamente no que se refere ao desenvolvimento de aulas individuais, de instrumentos e instalações para estudo, e de meios técnicos adequados ao ensino das novas tecnologias na Arte;

* uma clara tomada de posição em favor do ensino público gratuito e de acesso universal;

Para assinar esta petição dirija-se a: http://new.petitiononline.com/MovArte/petition.html

A Arte não é um luxo, é a expressão de uma sociedade. Demos-lhe o apoio que merece.

domingo, julho 01, 2007

Jornal de Campanha Intercalares de Lisboa 2007

1 de Julho - Jornal de Campanha Intercalares de Lisboa 2007 – Bairro dos Lóios
Mendo Henriques ( candidato independente pelo MPT)

A assistência não é grande mas é interveniente. Os representantes das candidaturas às eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa estão lá todos. Convidados pela Associação Tempo de Mudar, e a Comissão de Moradores do Bairro dos Lóios, para um debate sobre o tema da Habitação para Marvila e Lisboa. Umas 150 pessoas a assistir, e 11 candidatos no palanque
Lóios e as Amendoeiras ficaram mais na mira dos Lisboetas depois que a Rádio Televisão Portuguesa se mudou para a avenida que sai do bairro do Relógio. Marvila tem todos os tipos de habitações. Tem até um edifício que ganhou prémios internacionais: a enorme estrutura distendida e chamada por motivos óbvios a “pantera cor de rosa”. Foi projectada nos anos 70 por Gonçalo Byrne como se fosse uma aldeia urbana. Mas para conhecer os problemas dos Lóios basta comparar as histórias de dois prédios. O 231 está em excelentes condições, e pertence a uma cooperativa de inquilinos. O outro, mesmo pegado, o 232, é ainda da Fundação D. Pedro IV, e é uma desgraça. Há semanas atrás, um rapaz abriu a porta do elevador no 4º andar e caiu 25 m, ficando em coma no hospital, porque o elevador estava no 5º andar. A mãe veio falar do caso, cheia de dignidade. Não tinha ressentimentos mas exigia melhoria de vida para todos.
Os moradores das Amendoeiras e Lóios têm outras razões de queixa. Os equipamentos deixam muito a desejar. As renovações, como a da praça Raul Lino, não foram a contento. O Centro de Saúde está construído há 4 anos mas ainda não abriu. A CML equipou-o mas a ARS do Ministério da Saúde em todo este tempo não instalou médicos e pessoal. É uma vergonha governamental e um vexame para os habitantes.
Há uma boa notícia. Em Janeiro de 2005 o Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE) transferira, "a título gratuito, para a Fundação D. Pedro IV, um valioso património constituído por cerca de 1400 fogos dos bairros dos Lóios e Amendoeiras, em Marvila". Sucederam-se as calamidades. Já um relatório de 2003, da Inspecção-Geral do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social defendera a extinção da Fundação D. Pedro IV. Mas, após dura reivindicação dos moradores durante dois anos, a Assembleia da República aprovou a 21 de Junho de 2007, por unanimidade, a reversão para o Estado dos 1400 fogos da Fundação D. Pedro IV. É preciso esperar até 12 de Julho para ver se o prometido é cumprido.
Para muitos, foi apenas "uma meia vitória". A transferência de propriedade poderá ocorrer sem " melhoramento nas condições de habitabilidade dos bairros, extremamente precárias”. E a Fundação impôs um regime de rendas que se traduziu em aumentos de encargos insuportáveis para um grande número de famílias". Os aumentos da denominada "renda apoiada" oscilariam entre "os 2000 e os 4000%".
Foram dados como estes que os candidatos ouviram de Eduardo Gaspar, presidente da Associação Tempo de Mudar, do Bairro dos Lóios. Convidados a participar no evento de 1 de Julho, pelas 16h00, no recinto do equipamento gerido pela ATM, os representantes de todas as candidaturas falaram, escutaram e responderam.
Há candidatos com trabalho de militância de mais de dez anos. Manuel Figueiredo da CDU apoia, de há muito tempo, as reivindicações de Marvila. José Sá Fernandes (BE) andou por ali à chuva em protesto pela abertura do Centro de Saúde. Outros como Manuel Monteiro (PND) declaram pouco perceber do bairro. Camara Pereira (PPM) falou da importância da Junta de Freguesia mas depois desapareceu. Mas quais são as grandes questões?
Afinal Lisboa tem uns 560.000 habitantes e perde 30 por dia. 1.500.000 de habitantes pendulares vêem dos subúrbios nela trabalhar cada dia que passa, como lembrou a candidata de “Lisboa com Carmona”. Antonio Carlos Monteiro, do CDS-PP considerou que em dois anos pouco se poderia fazer. Helena Roseta (Independente) acha que se devem arregaçar as mangas e buscar soluções para quem quer comprar e para quem não tem dinheiro para isso. Após Garcia Pereira (MRPP) ter dado o mote, Frederico de Carvalho (MPT) tratou da questão estratégica de Lisboa: “O que é espantoso é o que se prepara com a terceira travessia do Tejo para Chelas e o vale de Marvila”. A ser feita a travessia Chelas Barreiro, vai-se martirizar o vale com dezenas de quilómetros de betão em viadutos e túneis.”
Sobram sempre mimos para todos. Monteiro acha que Roseta, “a bastonária dos Arquitecto” os deve chamar à pedra. Sérgio Lipari, (PSD) é considerado “administrador da Gebalis”. Nunca o foi e após seis meses no pelouro da habitação, propõe-se retomar a ideia das parcerias publico privadas para dar qualidade ao edificado em Marvila; “não preciso do governo para nada”. Mas a maior parte das baterias foram assestadas sobre o grande ausente António Costa, do PS, considerado “arrogante”. O arquitecto Manuel Salgado, defende-o com lealdade mas sem entusiasmo e diz que “as coisas só começam a 1 de Agosto”. Não leva palmas.
Por responder ficam muitas questões de pormenor, “as pequenas grandes coisas”. As promessas no ar não resolvem os problemas dos 18.000 habitantes destes bairros a corpo inteiro, reivindicativos e consequentes. Mas os moradores de Marvila podem estar certos que a sua mensagem foi transmitida. Cá fora o sol esplendoroso que ameaçava bronzear os assistentes deu lugar a um céu toldado de onde vieram gotas. Que sucederá no dia 12 à resolução da AR?