segunda-feira, novembro 20, 2006

Se não fosse... por António Gedeão


Se não fosse esta certeza,
Que nem sei de onde me vem,
Não comia, nem bebia,
Nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
No mais escuro que houvesse,
Punha os joelhos à boca ...
E viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
Do ingénuo adolescente,
A chuva das penas brancas
A cair, impertinente;
Não fosse o incógnito rosto
Pintado em tons de aguarela,
Que sonha, no frio encosto
Da vidraça da janela;
Não fosse a fome e a sede
Dessa Humanidade exangue,
Roía as unhas e os dedos
Até os fazer em sangue.

1 comentário:

Anónimo disse...

é obrigatório este poema