quinta-feira, dezembro 21, 2006

O Século XX, por Luís Aguiar Santos


Século XX (n.º 23): O ano de 1922

DESTAQUE: Com a travessia aérea do Atlântico Sul (Lisboa-Rio de Janeiro) a bordo do “Lusitânia”, Gago Coutinho e Sacadura Cabral (na fotografia) puderam dar aos Portugueses um certo sabor de aventura e glória. Como toda a gente estava muito necessitada dessas sensações, houve alguma tendência para o exagero, sendo o feito logo comparado aos dos navegadores do século XV.

ESTE ANO: O ritmo de crescimento da inflação atinge este ano o auge em Portugal. Desde o fim do padrão-ouro que os governos recorreram em várias ocasiões a um aumento da emissão de moeda fiduciária. Os primeiros governos da República fizeram-no, tal como os governos da última década do século XIX. Isso era uma forma do Estado poder fazer alguns pagamentos sem aumentar a tributação nem recorrer a empréstimos. O valor real da moeda, claro, degradava-se e conduzia a uma subida dos preços e do câmbio com a moeda forte da época, a libra esterlina. Tudo o que fosse importado, como grande parte do trigo consumido, ficava muito mais caro. Mas também o carvão de que dependem as máquinas a vapor e as centrais térmicas que fornecem a electricidade às empresas e aos domicílios. Ora, a partir do começo da I Grande Guerra em 1914, o recurso a esse expediente intensificou-se: o volume de moeda em circulação em valores nominais era em 1913 de 160 mil contos mas neste ano de 1922 é já de mais de um milhão e meio de contos (1.787.000 contos). Em 1928 este valor já terá duplicado, o que deixa ver que a inflação continua alta mas a um ritmo menos acelerado de crescimento. Em média, os preços são em 1922 dez vezes mais altos que em 1913, o que mostra bem a correspondência entre a emissão fiduciária e o índice de preços. Os assalariados e os dependentes de rendas – que vivem do dinheiro que recebem de outrém – são os mais sacrificados e os mais descontentes. Aquilo que recebem vale cada vez menos e os ajustes que se vão fazendo nos salários ou nas rendas, no caso de poderem ser feitos, não os protege de grandes perdas de rendimento e poder de compra. Casos paradigmáticos são os do funcionalismo público e dos oficiais do Exército. Assim, por exemplo, um segundo-oficial do funcionalismo tem em 1922 apenas 65% do poder de compra que tinha em 1914, enquanto um major tem cerca de 57%.
Desde a guerra, os governos desenvolveram ainda duas práticas de efeitos contraproducentes: o controle dos câmbios e o controle dos mercados de determinados bens essenciais. No primeiro caso, as limitações impostas inibiram mais os agentes económicos do que impediram a degradação do escudo nas operações cambiais. No segundo caso, a compra por parte do Estado de determinados bens para os revender a baixo do preço de mercado só agravou os défices das contas públicas e a consequente pressão inflacionista.

12 comentários:

Anónimo disse...

Então agora é andar para trás?

Paulo Selão disse...

Qualquer semelhança com o presente será pura coincidência?

Anónimo disse...

QUE CAUSA É ESTA??? PORTUGAL A ANDAR PARA TRÁS??? ESQUEÇAM O PASSADO, AINDA NÃO CONSEGUIRAM APRENDER A LIÇÃO POR ISSO TOCA MAS É A ANDAR PARA A FRENTE E... EM FRENTE!!!

Anónimo disse...

Ó meu Deus... se já se abordou 1923 e, agora, 1922, significa isto que ainda teremos de gramar com mais 98 artigos de escrita incompreensível?...

Anónimo disse...

Gago Coutinho, sabio e humilde

Anónimo disse...

Pergunto a algum destes comentadores patetas se, tendo automóvel - excepto assim o luis a pé - não usam de vez em quando o retrovisor?

Anónimo disse...

Patetas são os anónimos que não assinam mas deixam rasto... e patetas ainda por chamarem patetas às pessoas que reconhecem um pateta à distância, com ou sem retrovisor, a pé ou de carro, com espelho retrovisor ou binóculo.

Pateta é quem tem olho e não vê.

Pode chamar patetas aos visitantes, mas é contraproducente... Até porque os alegdos pateta, por o avisarem, seus amigos são.

Anónimo disse...

o verdadeiro espírito de natal

Anónimo disse...

Viva Gago Coutinho, outra vez

Anónimo disse...

Agradeço o viva, mas gostava de lembrar aqui também o meu amigo Sacadura que partilhou comigo o feito: Viva Sacadura Cabral

Anónimo disse...

Acho que uma boa parte destes anónimos são anónimas, senão não seriam tão tagarelas!

Anónimo disse...

E se V. não se cala , elas continuam