Os verdadeiros pensadores do século XX - criadores de verdades e destruidores de mitos - dificilmente encontram eco numa época como a nossa, por duas ordens de razões. Em primeiro lugar porque, embora a nossa época já não acredite em ideologias - uma vez que a ciência desmistificou os respectivos fundamentos unilaterais - continua a viver e pensar segundo categorias ideológicas e sem um pensamento matricial capaz de acolher contributos dispersos por metodologias diversas. Em segundo lugar, predomina entre as diversas correntes filosóficas um apartheid teórico a ponto de os respectivos vocabulários serem mutuamente inaceitáveis, o que dificulta a renovação da filosofia. A situação é a de os filósofos estarem divididos entre si pela paz da ignorância mútua e pelo que imaginam ser o (seu) universo.
Homenagear Agostinho da Silva - como sucedeu no recente Congresso de Novembro de 2006 em Lisboa e Porto - é combater este apartheid entre filosofias e entre filosofias e outros saberes. Ele foi o português que vai para o Brasil que é “Portugal à solta” e que regressa ao solo físico da pátria de onde nunca saiu espiritualmente. É o leigo que faz figura de profeta espiritual, sempre peregrino por uma verdade maior.
1 comentário:
Agostinho da Silva, um dos maiores génios que melhor representa aquilo que é Ser Português, é um tesouro ainda indescoberto por muita gente.
Leia-se Agostinho!, é o que recomendo. Poucos ou nenhum expressaram tão bem em palavras, as qualidades e características de um povo, que tantos menosprezam e não compreendem.
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