Teve ontem lugar em Lisboa o 2º Encontro do Blog de Causas. Nesta edição tivemos o previlégio de ter como orador o Prof. Doutor José Eduardo Franco, com uma intervenção dedicada ao tema "Os Mitos Fundadores de Portugal". José Eduardo Franco é autor de uma longa lista de publicações, sendo a mais recente "O Mito dos Jesuitas - Vol. I". Aqui fica um brevíssimo resumo daquilo que foi a sua intervenção.
Foi abordado como tema central a vida do Pe. Fernando Oliveira (ou Fernão de Oliveira), um dominicano que viveu no séc. XVI e da sua visão daquilo que foi a fundação de Portugal. Fernando Oliveira destacou-se como grande Homem do Renascimento, um humanista, sendo ele autor de variadíssimas obras cobrindo temáticas diversas como a Náutica (Ars Nautica), a Gramática (Grammatica da Lingoagem Portuguesa) ou a História (História de Portugal e Livro da Antiguidade, Nobreza, Liberdade e Imunidade do Reino de Portugal). No penúltimo caso, trata-se mesmo da primeira "História de Portugal" de que há registo, afastando-se das Crónicas, e tentando relatar os eventos históricos que imprimiram a Portugal a sua Identidade, desde tempos bíblicos até aos seus dias.
A "História de Portugal" (documento que José Eduardo Franco consultou na Biblioteca Nacional de Paris) surge imediatamente após o desastre de Alcácer Quibir, exprimindo e exaltando aquilo que eram as raisons d'être de Portugal, sendo assim uma tentativa de justificar o direito de Portugal a existir como Pátria independente. Segundo Oliveira, terá sido Tubal, neto de Noé, que teria sido enviado para o Ocidente, aportando na "ocidental praia" a que hoje se dá o nome de "Setúbal". Dado que, de acordo com o Antigo Testamento, teria sido no monte Ararat, na Arménia, o local onde assentou a Arca, teria sido Portugal, através deste descendente de Noé, palco de um povoamento por parte de Arménios (aliás, facto que segundo vários autores, é confirmado por diversos exemplos de toponímia). Fernando Oliveira estabelecia assim a fundação de Portugal "sacralizada" por um personagem bíblico, atribuíndo a D. Afonso Henriques o papel de Restaurador do Reino de Portugal e não o de seu Fundador.
Numa nota final, Fernando Oliveira foi magistral na critíca dos seus oponentes, sendo a sua grande arma o humor. "Depois de referir que Plínio que fala de Bardúlia, nome antigo dado ao espaço territorial ocupado por Castela, Fernando Oliveira chama “bárdulos” a homens precipitados e irreflectidos e “bardularia” ao comportamento feito de aldrabice e mentira."*
A intervenção de José Eduardo Franco neste nosso encontro, riquíssima em pormenores históricos, pode ser aprofundada através do seu livro "O Mito de Portugal" (ver capa).
Convidamos os nossos leitores a estarem atentos, visto que contamos em breve poder divulgar online, na íntegra e em formato de som, o conteúdo das intervenções futuras dos oradores convidados.
* - Luís Machado de Abreu no prefácio à obra O Mito de Portugal.
* * * * *
Adenda: Vide o link para o termo Bardúlia da Wikipedia Espanhola!... Sailor Girl
10 comentários:
Gostei muitíssimo deste resumo. E como o José Eduardo franco, explicou,"ervilhaça" é o outro termo do GRANDE Fernando Oliveira para designar a BArdúlia/ Bardália a designar "nuestros hermanos" que só se chamam "castela" desde o séc. IX
EXCELENTE ARTIGO, LEONARDO!
MCH e eu estávamos exactamente a consultar o termo BARDÚLIA na Wikipedia/es! E a confirmar que, de facto, como disse o nosso ilustre orador de ontem, «As palavras transportam a memória da história».
Fernão de Oliveira foi assim um dos Maiores Portugueses de Sempre! E era de Pedrógão Grande, terra Natal de grandes Homens e Mulheres.
Agora... há que alertar os organismos oficiais competentes em razão da matéria (Ministério da Cultura, Ministério dos Negócios Estrangeiros, ...) para o caso de não saberem que o Manuscripto da Primeira História de Portugal se encontra na Biblioteca Nacional de Paris (que a tem obviamente bem guardada e em bom estado de conservação) e não, como deveria estar, em Portugal. Caso não fosse possível «resgatá-la», seria interessante dispormos pelo menos de um fac simile (se é que o mesmo já existe, o que desconheço...)
Outras considerações do Autor que apreciei bastante:
a) O Povo Português enquanto guardião intemporal da Soberania de Portugal, mesmo nos períodos de interregno;
b) Portugal cobiçado por ser uma espécie de Paraíso, com clima ameno;
c) A ideia de que, quando Portugal bater mesmo no fundo (e já faltou mais para o que falta), Deus virá levantá-lo;
d) Vendo o passado, actuar no presente e traçar o futuro;
e) A frase célebre de Fernão de Oliveira, «Os espanhóis são como a ervilhaça: onde crescem, tudo o mais esmorece».
Igualmente interessantíssimas:
a) As referências de Gonçalo Ribeiro Telles a Ilídio Araújo e a Augusto Ferreira do Amaral;
b) As observações de L.M.Correia relativamente à influência de Fernão de Oliveira quer na construção das actuais réplicas das caravelas Boa Esperança, Vera Cruz e Bartolomeu Dias, quer na influência exercida sobre Rogério de Oliveira na construção do Navio Portguês «FUNCHAL».
Pelo pequeno resumo parece-me bastante interessante. Onde posso comprar o livros? Ja esta disponivel no mercado?
Olá Francisco!
Sim, está à venda.
MCH, pode ajudar-nos com as referências?
Editora Roma.
O livro está quase esgotado. AMs vale a pena procurá-lo pois é uma obnra fantástica que inclui a reprodução do LIVRO de PORTUGAL, edição de 1581
eu nao preciso de direito para ser portugues.nasceu comigo que sou da nacao esse privilegio.
nem Portugal alguma vez precisou de ter direito.
foi e e...para ser nao precisa de mais.
este fernao oliveira pelos vistos tambem nao!
por isso e que os benms pensantes nao compram o manuscrito com o dinheiro dos cafes que gastam a discutir o assunto que esta roubado pelos franceses.
À Memória: ENTÃO HÁ CONSENSO: VAMOS RESGATÁ-LO!... E A OUTROS BENS DA NAÇÃO!...
Ao MCH: faça-me o enorme favor de me reservar dois em meus nome, se o vir, para eu comprar e oferecer um ao s.o.s., que vai adorar!
Depois, quando o ler, ofereço-o à Senhora Ministra da Cultura.
EN GAAAAAAAAAARDE!.....
Sailor ; recado escutado e transmitido ao autor
O livro pode ser encontrado no sítio da Roma Editora http://www.roma-editora.pt
E para quando um resumo do livro do José Eduardo Franco
Enviar um comentário