domingo, março 25, 2007

OTA EM EQUAÇÃO, por Rui Rodrigues





















(Entrada no Poceirão Foto de FBC, 24 março 07)

OTA EM EQUAÇÃO
Público, 26 de Março de 2007


A questão do novo aeroporto de Lisboa é cada vez mais polémica, porque está a criar grande perplexidade, por se pretender construir um aeroporto por 5 mil milhões deeuros para um tempo de vida de 13 anos, segundo a própria NAV, Navegação Aérea dePortugal, o que obrigará á construção de um 2º novo aeroporto.
Certamente que existirão outras opções para evitar a solução proposta pela NAER,empresa que está a estudar este projecto. Neste artigo, será demonstrado, da formamais simples possível, que a proposta que tem sido apresentada é a mais cara, a quetem maior impacte ambiental e aquela que pior serve o país.
Vamos comparar duas opções A e B:
Hipótese A (NAER): Encerrar a Portela + Construir a Ota + 2º novo aeroporto
Hipótese B: Manter a Portela + Novo aeroporto num local que permita a sua expansão
Observando as opções A e B verificamos que a diferença entre elas é a soma da destruição da Portela + construção da Ota. Conclui-se que A é muito mais cara que B.Não é preciso contratar o MIT para o entender.
Quem fizer as devidas comparações com os novos aeroportos de Atenas e Oslo perceberá que a Ota nunca custará menos de 5 mil milhões de euros. Somando a este montante tudo o que foi gasto na Portela, mais os 400 milhões de euros que ainda se vão investir até 2017, conclui-se que a verba atingirá valores da ordem dos 7 mil milhões de euros.
Outra grande desvantagem da hipótese A da NAER é que obriga a construir tudo de uma vez só. Ao contrário, na hipótese B e se um dia o actual aeroporto de Lisboa saturar, a estratégia a adoptar deveria passar por manter a Portela e criar uma nova infra-estrutura num local plano que permitisse a sua construção faseada e a sua utilização simultânea com o actual e de acordo com as necessidades do País.


Lisboa, vista do cais do Lavradio, entrada possível da TTT. Foto FBC.


Na Margem Sul, na Península de Setúbal, é possível tal opção, enquanto na Margem Nortei sso é inviável. Seria uma forma de rentabilizar as centenas de milhões de euros investidos até hoje e continuar a tirar partido das condições naturais excelentes e únicas da Portela,que garantem elevada fiabilidade pois funciona durante 365 dias do ano e raramente encerra devido às suas excelentes condições meteorológicas.
O único argumento que a NAER invoca para escolher a Ota é o ambiental. Também aqui a hipótese A da NAER é a pior, porque a construção de 2 aeroportos provoca mais danos ambientais do que a de um só.
A consequência mais grave de todas, caso a Ota fosse uma realidade, é que Portugal seria menos competitivo porque aquela localização iria prejudicar severamente oTurismo de Lisboa, poderia levar a TAP á falência devido às altas taxas aeroportuárias a cobrar, para pagar os elevados custos daquele investimento, tal como aconteceu à Olympic Airlines, no novo aeroporto de Atenas.
Como a Sul de Lisboa não existem ligações ferroviárias directas para a Ota,provavelmente será o futuro aeroporto de Low Cost em Cáceres, situado junto à futura linha de Alta Velocidade Lisboa-Madrid, que irá lucrar com o mercado de Lisboa, poisa maior prioridade para Portugal é a sua ligação á rede de bitola (distância entrecarris) europeia o que vai permitir a livre circulação de comboios de mercadorias epassageiros para a U.E., que a actual rede de bitola ibérica não permite.
Em conclusão, se o Governo avançar com a Ota, ficará na História por ter cometido um dos maiores erros do século XXI. Será insustentável suportar esta situação no futuro. Se este projecto for corrigido a tempo, será compreendido por toda apopulação como tendo sido tomada uma decisão muito digna.

2 comentários:

Pedro Javier Mazzoni disse...

Três debates depois, um deles com o ministro a levar uma tareia e a esconder-se no não tenho conhecimento de tal estudo, não tenho conhecimentos técnicos para debater... Acho que o debate de Segunda Feira foi bastante esclarecedor.
Saudações

Anónimo disse...

vamos lá a ver se se vai a tempo de suster o que seria uma tragédia para o país e a região metropolitana de Lisboa, em particular.