domingo, abril 08, 2007

CONVERSA ENTRE GAIVOTAS


Não costumo ouvir conversas alheias, mas aconteceu há dias, involuntariamente, cruzar-me numa doca de Lisboa com três gaivotas quezilentas que discutiam os predicados humanos de uns estranhíssimos habitantes de um País de Marinheiros sem marinha que se veja.
Dizia uma que apesar de os TEMAS DO MAR terem entrado na gíria do POLITICAMENTE CORRECTO, nada fazem de concreto para alterar indícios de decadência acentuada.
Acrescentava outra que era tudo conversa, e de facto ninguém queria saber de nada acerca do MAR. Que quase não tinham navios de comércio e pesca, apesar de mais de 70 por cento do comércio respectivo continuar a utilizar a via marítima e de serem dos maiores consumidores de peixe do mundo. Nem sabiam deitar contas à vida, pois só assim seria possível entender tal situação: ninguém falava dos custos sociais e económicos desse divórcio marítimo, de quanto dinheiro gastavam para pagar fretes ao estrangeiro, das oportunidades perdidas por falta de participação no comércio marítimo mundial, e que isto e aquilo.
Foi então que a mais sábia rematou a conversa: comadre, não vê que os tipos são tudo menos marinheiros? Olhe para este estuário fantástico e diga onde estão os desportistas náuticos; há dias pousei numa estátua no centro de uma praça, por baixo do Parque Eduardo VII e um tal Marquês resmungava "isto há gente para tudo, até para ir para o MAR"; isso devia ser no tempo em que o tal Marquês não era de bronze, porque actualmente já nem há gente para ir para o MAR, até falam em fechar as escolas de Marinheiros...
Foi então que as gaivotas antipáticas repararam em mim e deram às asas. Bichos de má fé, não é que se referiam a nós, Portugueses???
Que visão injusta...
Text and images copyright L.M.Correia. For other posts and images, check my blog OS NAVIOS E O MAR. You are most welcome at any time - Luís Miguel Correia

1 comentário:

Anónimo disse...

Gaivotas em terra...!