segunda-feira, agosto 20, 2007

Fomentar o espírito empresarial, por Frederico de Carvalho

Creio que temos de fomentar a imaginação do espírito empresarial e que este muito ganharia com uma nova onda de optimismo. Temos de desfazer o conceito que somos apenas um país de serviços, e de clusters de turismo e lazer…. É uma evidência que, para além de uma tendência para serviços, Portugal é uma terra que faz sobretudo “produtos bem feitos”. Até há uns 60 anos, éramos dos melhores na fundição do bronze, herança dos canhões das armadas. A construção naval e as obras portuárias nunca tiveram complexos. A indústria ligeira pautava-se pelos mais altos critérios de qualidade.
No passado, tivemos na altura a capacidade, com Albuquerque, e com escassos meios humanos, de identificar e controlar dois dos pontos mais sensíveis do mundo, o estreito de Ormuz e o estreito de Malaca. Soubemos também ser prudentes para travar a expansão pelas bandas de Timor. Na sombra soubemos reservar o Brasil e fazer coalescer um império africano imenso e desproporcionado, ainda no século passado, quando já nos auto flagelávamos sobre as nossa incapacidades e complexos. Não somos acéfalos, e está absolutamente provado que nunca preferimos soluções medíocres ante as contingências dos calendários.Em nome das nossas realizações globais, em nome do mérito de todas as guerras que travámos e até em nome das nossa derrotas.
Não podemos continuar a admitir que as próprias soluções técnicas das grandes obras sejam da autoria de empresas e laboratórios estrangeiros. Que obriguem os Laboratórios Nacionais a aceitar as soluções técnicas mais arriscadas sem crítica. A técnica portuguesa de há umas décadas atrás arriscava as grandes pontes, os grandes túneis ou as grandes interfaces intermodais com imaginação e com sentido crítico. É preciso reconhecer capacidade própria para a ousadia. Necessitamos parar e reflectir para, de seguida, retomar a ousadia das grandes propostas que relancem Portugal nas rotas dos grandes fluxos económicos que as nossas riquíssimas particularidades e posição única na Europa nos proporcionam, face às outras zonas económicas do Mundo.

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