quarta-feira, setembro 19, 2007

Guerra Junqueiro e Hitler - AS RELIGIÕES POLÍTICAS


Num jornal de nome de prenúncio fascista, " Pátria" Nova". 16-2-1908 Guerra Junqueiro publicava um elogio aos regicidas com um estilo próprio do melhor Hitler em Munique com os seus discurso Blut und Erde. Cá temos a versão lusitana das religiões políticas, a religião civil republicana com este Hino de Guerra Junqueiro ao "ódio e ao sangue purificador do solo".


"O partido republicano nem organizou nem aconselhou o atentado. O atentado foi obra única de dois homens. E contudo, as balas de morte partiram da alma da nação. Foi um atentado nacional. Um raio esplêndido e pavoroso, exterminador e salvador. O raio condensou-se em duas almas, apenas, mas a electricidade que o gerou saiu da alma de nós todos. Todos nós somos cúmplices"." Lamento de olhos enxutos, a execução do monarca. Mas, se tivesse o dom de o ressuscitar, não o levantaria do seu túmulo. Deploro, angustioso, a morte do príncipe. E diante do cadáver dos homicidas, descubro-me, ajoelhando-me, com frémitos de terror, lágrimas de piedade, e , porque não hei-de confessa-lo? de admiração e de carinho. Mataram? é certo. Ferozes? sem duvida. Mas cruéis por amor, ferozes por bondade. Os que matam por amor, sacrificando o próprio corpo, são duros, mas são bons.Abjectos e miseráveis são os que por egoísmo e covardia, calando e cruzando os braços, deixammorrer os inocentes. São heróis os dois regicidas portugueses. Libertaram, morrendo, sacrificando-se. Idealidade, valor, desinteresse, abnegação. Heróis. Mataram um grande criminoso e o seu filho inocente. É horrível, mas para eles, na sua concepção da historia, materialista e fanática, o filho do Rei era a vergôntea da arvore, e a arvore de má sombra, queriam corta-la pelo tronco. Ideia barbara e cruel. Mas a violência desumana do acto formidável, remiram-na os algozes heróicos, lavando com o próprio sangue, o sangue inocente que verteram. mataram com atrocidade, e com atrocidade forammortos. Expiaram a dívida, purificaram o acto. E o solo assim purificadosurge-nos grande e luminoso, na essência intima. Deu-nos a paz que fugira da Pátria. Deu-nos a alegria que se evolara das almas. Libertou-nos, harmonizou e serenou. Hoje, nesta hora de liberdade e clemencia, pode dizer-se que são eles os dois regentes do Reino."


Guerra Junqueiro in " Pátria" Nova". 16-2-1908.

3 comentários:

Laurus nobilis disse...

Não fazia ideia de um escrito deste tipo elaborado pelo Guerra Junqueiro... Boa pesquisa caro MCH!

Anónimo disse...

Ainda a procissão vai no adro. Certos circulos monárquicos boicotaram a petição a enviar à AR.
Os pseudos monárquicos Pedro Soares e o Portas, e o Telmo Correia votaram a favor da moção Aquilino, as Reais e o Duque nada disseram (ou não fosse ele casado com uma bisneta do Ribeira Brava o homem que deu as pistolas aos assassinos. Agora segue-se a edificação do monumento aos assassinos no Alto de São João. Assim vai Portugal assim vão os monárquicos da treta

Anónimo disse...

Que texto sinistro. E pelo que vejo, minam-nos de dentro... que desilusão.