Meus pais são do norte – Castanheiro do Norte – o nome da Sacrossanta Terra de onde provêm. Por razões ditadas pelo tempo que foi passando, somadas a outras dificuldades que o tempo arquitectou, demorei a conhecer a terra que a meus pais viu nascer e que considero como minha também, pois é lá que em primeiro me situo. Então, um dia lá fomos, para visitar os saudosos parentes e a terra.
Era o início da tarde, um pouco fria mas solarenga, quando parei logo a seguir a uma ponte, já perto do rioTua. Olhei para cima, sobre a minha esquerda, e observei uma ponte com via-férrea ladeada por dois túneis que saíam das montanhas. Senti uma emoção que não consigo descrever, mas sei que meus olhos denotaram a comoção que senti perante aquela paisagem que me era tão familiar, embora nunca a tivesse presenciado. Coisa estranha, toda esta informação que nos queima sem ainda termos experimentado o efeito doloroso do fogo que a faz arder. Enfim, meras constatações pessoais, que em nada influem naquilo que agora ante todos nós se desenha.
No entanto, sempre vou opinando que a tinta com a qual se pretende escrever o futuro, tem um odor nauseabundo, pestilento, enfim, fede. Tem necessariamente de haver algum código de honra, carácter, – enfim chamem-lhe o que bem entenderem –, que sirva de bitola para a acção daqueles que agora nos governam. Não podem ser postos em causa os interesses superiores da Nação – e claro está, do seu povo (o que para mim, está implícito) –, em nome do acumular de mais riqueza de uns poucos. Não estou a fazer o discurso do defensor dos pobrezinhos, mas apenas a notar que devem existir algumas regras mínimas a cumprir, sob pena de ficarmos todos pobrezinhos, e, em contrapartida, outros poucos, muitos ricos – se bem atentarmos aos últimos acontecimentos (ainda a procissão vai no adro), e mesmo tendo em conta o período eleitoral que já decorre (oh! se decorre! Porém, é este o único benefício que estes actos eleitorais nos proporcionam).
Peço desculpa, pois acabei por me desviar do assunto que aqui me trouxe (ou talvez não!?): a nossa bela e tão necessária Linha-férrea doTua. Bela por tão bem se enquadrar na paisagem envolvente e que tanto nos apraz percorrer, estimulando o turismo tanto nacional como estrangeiro, desfrutando daquela boa terra que Deus nos deu. Necessária por ser tão útil ás gentes daquelas terras, que sem ela têm a sua vida ainda mais dificultada, por escassez de meios de transporte e dificuldades inerentes ao tipo de terreno. Tudo isto que acabei de referir vale bem mais do que uma barragem de necessidade duvidosa, que vai ter um baixo rendimento em relação ao seu custo, e que para mais, bem poderá ser construída noutro lugar. Enfim, os interesses das populações e da Nação, deverão estar acima dos interesses pessoais de outros. Se tivéssemos um Rei – e infelizmente, por enquanto, não temos –, creio que assim se faria. Bem-haja.
Primeiro perseguiram os comunistas e eu nada disse - porque eu não era comunista;
Depois, perseguiram os socialistas e eu nada disse - porque não era socialista;.
A seguir, perseguiram os sindicalistas e eu nada disse - porque não era sindicalista.
Depois perseguiram os judeus e eu nada disse - porque não era judeu;
Por fim perseguiram-me - e não havia ninguém para falar por mim.
Martin Niemöller
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U.A.M./N.T.M. CREOULA
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Lançamento em Lisboa (22-NOV-2006), Porto (23-NOV-2006), Coimbra (3-DEZ-2006), Viseu (12-DEZ-2006), Funchal (14-DEZ-2006) e Ponta Delgada (MAR-2007).
«Por bem simples que seja a obra, faz,
Pois sempre é obra tua, e é mais uma...
Vale mais de alguma coisa ser capaz,
Que afinal não fazer coisa nenhuma.
E se alguém te disser que é imperfeita,
Diz-lhe que não se admire, porque é tua,
Não soubeste fazê-la mais perfeita.
Porém, que faça ele melhor a sua...»
Do poeta de Casal de Cinza A. MONTEIRO DA FONSECA (1895-1986), in «O Canto do Sol-Posto»
"Depois de referir que Plínio que fala de Bardúlia, nome antigo dado ao espaço territorial ocupado por Castela, Fernando Oliveira chama “bárdulos” a homens precipitados e irreflectidos e “bardularia” ao comportamento feito de aldrabice e mentira."*
“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. […] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro […] Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. […] A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos […] sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, […] vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar…”
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Meus pais são do norte – Castanheiro do Norte – o nome da Sacrossanta Terra de onde provêm. Por razões ditadas pelo tempo que foi passando, somadas a outras dificuldades que o tempo arquitectou, demorei a conhecer a terra que a meus pais viu nascer e que considero como minha também, pois é lá que em primeiro me situo. Então, um dia lá fomos, para visitar os saudosos parentes e a terra.
Era o início da tarde, um pouco fria mas solarenga, quando parei logo a seguir a uma ponte, já perto do rioTua. Olhei para cima, sobre a minha esquerda, e observei uma ponte com via-férrea ladeada por dois túneis que saíam das montanhas. Senti uma emoção que não consigo descrever, mas sei que meus olhos denotaram a comoção que senti perante aquela paisagem que me era tão familiar, embora nunca a tivesse presenciado. Coisa estranha, toda esta informação que nos queima sem ainda termos experimentado o efeito doloroso do fogo que a faz arder. Enfim, meras constatações pessoais, que em nada influem naquilo que agora ante todos nós se desenha.
No entanto, sempre vou opinando que a tinta com a qual se pretende escrever o futuro, tem um odor nauseabundo, pestilento, enfim, fede.
Tem necessariamente de haver algum código de honra, carácter, – enfim chamem-lhe o que bem entenderem –, que sirva de bitola para a acção daqueles que agora nos governam. Não podem ser postos em causa os interesses superiores da Nação – e claro está, do seu povo (o que para mim, está implícito) –, em nome do acumular de mais riqueza de uns poucos.
Não estou a fazer o discurso do defensor dos pobrezinhos, mas apenas a notar que devem existir algumas regras mínimas a cumprir, sob pena de ficarmos todos pobrezinhos, e, em contrapartida, outros poucos, muitos ricos – se bem atentarmos aos últimos acontecimentos (ainda a procissão vai no adro), e mesmo tendo em conta o período eleitoral que já decorre (oh! se decorre! Porém, é este o único benefício que estes actos eleitorais nos proporcionam).
Peço desculpa, pois acabei por me desviar do assunto que aqui me trouxe (ou talvez não!?): a nossa bela e tão necessária Linha-férrea doTua. Bela por tão bem se enquadrar na paisagem envolvente e que tanto nos apraz percorrer, estimulando o turismo tanto nacional como estrangeiro, desfrutando daquela boa terra que Deus nos deu. Necessária por ser tão útil ás gentes daquelas terras, que sem ela têm a sua vida ainda mais dificultada, por escassez de meios de transporte e dificuldades inerentes ao tipo de terreno.
Tudo isto que acabei de referir vale bem mais do que uma barragem de necessidade duvidosa, que vai ter um baixo rendimento em relação ao seu custo, e que para mais, bem poderá ser construída noutro lugar.
Enfim, os interesses das populações e da Nação, deverão estar acima dos interesses pessoais de outros. Se tivéssemos um Rei – e infelizmente, por enquanto, não temos –, creio que assim se faria.
Bem-haja.
Luiz Andrino
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