terça-feira, novembro 28, 2006

A minha aldeia

«Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.

Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.

Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desampara,
rumorejante seara
onde se rodeia em beleza.

Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.

Valência de fora e dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.

Longas raízes que imergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.»

ADENDA: Coloquei este poema depois de ter visto o anterior, colocado por MCH. Coloquei-o abaixo (utilizando um truque informático muito simples...) para não tirar o destaque que temos de dar ao poema «Lágrima de preta» (que já se encontra estático, na coluna da direita).

Sem comentários: