Portugal diz-se um país de marinheiros. É algo aprendido nos bancos das escolas do nosso país bem cedo no percurso de qualquer criança. O mesmo se ouve nos meios de comunicação social, nas converas de café, enfim, um pouco por todo o lado. Mas na verdade somos um país de marinheiros que hoje tem os pés muito bem assentes em terra.
A nossa nação de navegadores tem hoje uma frota mercante que ronda os dez navios, uma Marinha de Guerra que tem de utilizar submarinos com 48 anos de idade, que representam não só um perigo para os homens nele embarcados como uma vergonha para a Armada e para o país, a frota pesqueira lentamente definha, por vezes a soldo de subsídios de abate dados União Europeia… mas no meio de todo este cenário há quem diga ainda que somos um ‘país de marinheiros’…
Haverá esperança? Talvez…pouca, mas alguma haverá…
No plano da Marinha de Guerra estão a caminho dois novos submarinos (U-209PN) que substituirão os antigos Albacora, duas fragatas classe Karel Doorman chegarão em breve ao nosso país (apesar de não solucionarem a questão da necessidade de dotação da marinha com meios de defesa antiaérea) que em muitos aspectos são superiores à Classe Vasco da Gama. A par, o Instituto Hidrográfico está a levar a cabo os estudos necessários àquela que será, previsivelmente, a última expansão territorial portuguesa no futuro próximo, através do alargamento da zona marítima sob controlo português através da expansão da plataforma continental, processo fundamental para garantir os recursos que um dia poderão vir a ser explorados pelos nossos filhos.
Na Marinha Mercante e sectores associados, o Porto de Sines tem vindo a consolidar a sua posição no contexto ibérico competindo com o porto de Valência(e aqui defendo Lisboa para Cruzeiros, Sado para recreio e Sines para carga por possuir melhores condições para o efeito). Mas então coloca-se a pergunta, se foi decidida a construção do TGV porque não um traçado que sirva este porto, porque não colocar também o novo aeroporto na margem sul como chegou a ser proposto com ligações rápidas para o porto de Sines criando assim uma estrutura intermodal que permita uma eficaz transferência de cargas dos Navios para outros meios de transporte. Será falta de planeamento ou de interesse?...
Já nas pescas é difícil encontrar aspectos que nos permitam ter esperança ou acreditar num futuro melhor. Sem a protecção da nossa frota pesqueira, sem incentivos à modernização nada será possível. Vejam o caso espanhol, em que após um pequeno declínio nos finais da década de 80 começou a recuperar e até a aumentar a quantidade de pescado anualmente capturado e no entanto também a Espanha é um país da UE…
Fica a ideia do ‘Hypercluster do Mar’, estrutura que promove a convergência dos vários intervenientes e interessados no mar, de entidades públicas a privados, universidades e Armada (ver http://www.reservanaval.pt/ para mais informações). Esta é talvez um dos mais valorosos conceitos que pude analisar nos últimos tempos no panorama da relação entre Portugal e os Oceanos.
Resta ainda conhecer o desfecho do relatório da Comissão Estratégica para os Oceanos e do seguimento ou não de pelo menos parte das suas 250 propostas. Por outro lado a Estratégia Nacional para o Mar encontra-se agora em discussão pública, coisa que aliás passa ao lado de muitos, talvez da maioria dos portugueses, mesmo entre as classes mais esclarecidas. Façamos votos para o seu sucesso!
Espero não voltar a ouvir no futuro os portugueses a contestar a aquisição de meios para a Marinha Portuguesa (ou qualquer outro ramo diga-se quando tal contestação não é baseada em factos mas em mitos criados para aproveitamento político) e que o Oceano deixe de ser visto como uma barreira e passe a ser compreendido, uma vez mais como no passado, como o garante da nossa prosperidade, o nosso verdadeiro elemento e o espaço onde podemos assumir um papel de relevo no contexto das relações internacionais.
A nossa nação de navegadores tem hoje uma frota mercante que ronda os dez navios, uma Marinha de Guerra que tem de utilizar submarinos com 48 anos de idade, que representam não só um perigo para os homens nele embarcados como uma vergonha para a Armada e para o país, a frota pesqueira lentamente definha, por vezes a soldo de subsídios de abate dados União Europeia… mas no meio de todo este cenário há quem diga ainda que somos um ‘país de marinheiros’…
Haverá esperança? Talvez…pouca, mas alguma haverá…
No plano da Marinha de Guerra estão a caminho dois novos submarinos (U-209PN) que substituirão os antigos Albacora, duas fragatas classe Karel Doorman chegarão em breve ao nosso país (apesar de não solucionarem a questão da necessidade de dotação da marinha com meios de defesa antiaérea) que em muitos aspectos são superiores à Classe Vasco da Gama. A par, o Instituto Hidrográfico está a levar a cabo os estudos necessários àquela que será, previsivelmente, a última expansão territorial portuguesa no futuro próximo, através do alargamento da zona marítima sob controlo português através da expansão da plataforma continental, processo fundamental para garantir os recursos que um dia poderão vir a ser explorados pelos nossos filhos.
Na Marinha Mercante e sectores associados, o Porto de Sines tem vindo a consolidar a sua posição no contexto ibérico competindo com o porto de Valência(e aqui defendo Lisboa para Cruzeiros, Sado para recreio e Sines para carga por possuir melhores condições para o efeito). Mas então coloca-se a pergunta, se foi decidida a construção do TGV porque não um traçado que sirva este porto, porque não colocar também o novo aeroporto na margem sul como chegou a ser proposto com ligações rápidas para o porto de Sines criando assim uma estrutura intermodal que permita uma eficaz transferência de cargas dos Navios para outros meios de transporte. Será falta de planeamento ou de interesse?...
Já nas pescas é difícil encontrar aspectos que nos permitam ter esperança ou acreditar num futuro melhor. Sem a protecção da nossa frota pesqueira, sem incentivos à modernização nada será possível. Vejam o caso espanhol, em que após um pequeno declínio nos finais da década de 80 começou a recuperar e até a aumentar a quantidade de pescado anualmente capturado e no entanto também a Espanha é um país da UE…
Fica a ideia do ‘Hypercluster do Mar’, estrutura que promove a convergência dos vários intervenientes e interessados no mar, de entidades públicas a privados, universidades e Armada (ver http://www.reservanaval.pt/ para mais informações). Esta é talvez um dos mais valorosos conceitos que pude analisar nos últimos tempos no panorama da relação entre Portugal e os Oceanos.
Resta ainda conhecer o desfecho do relatório da Comissão Estratégica para os Oceanos e do seguimento ou não de pelo menos parte das suas 250 propostas. Por outro lado a Estratégia Nacional para o Mar encontra-se agora em discussão pública, coisa que aliás passa ao lado de muitos, talvez da maioria dos portugueses, mesmo entre as classes mais esclarecidas. Façamos votos para o seu sucesso!
Espero não voltar a ouvir no futuro os portugueses a contestar a aquisição de meios para a Marinha Portuguesa (ou qualquer outro ramo diga-se quando tal contestação não é baseada em factos mas em mitos criados para aproveitamento político) e que o Oceano deixe de ser visto como uma barreira e passe a ser compreendido, uma vez mais como no passado, como o garante da nossa prosperidade, o nosso verdadeiro elemento e o espaço onde podemos assumir um papel de relevo no contexto das relações internacionais.
8 comentários:
Muito importante tudo o que aqui é dito pelo Sr Vasco Mantas. Precisamos de descobrir o Gonçalo Ribeiro Teles do MAR.
Bem vindo ao Blogue das Causas!
Bem-vindo caro amigo. O nosso amigo VM é Vice-Administrador do Fórum Monarquia-Portugal. Tem sido um elemento fantástico. Estou muito contente com o empenho que ele tem tido. Também criou o Movimento Minha Bandeira cujo site também é muito bom.
Grande Abraço Real
Parece-me que a visão portuária aqui apresentada carece de alguma informação suplementar. Convém não esquecer que, por enquanto, o maior terminal de contentores do país não é o de Sines mas o de Setúbal que está completamente desaproveitado!! E em Setúbal, ou bem perto, vai passar o TGV, que não vai ser aproveitado para servir o porto porque o porto não está a ser aproveitado, de resto é profundamente ignorado por todos os governos que vão passando...
Além de que Setúbal apesar de ter uma envolvente linda não é um sítio fácil para desenvolver a náutica de recreio. Já por várias vezes foi pensada a possibilidade de fazer um grande porto de recreio à entrada da cidade mas as profundidades tornam a obra incomportável.
Lisboa sim... a doca de Alcântara com navios de cruzeiro do lado de fora, embarcações de recreio no interior e aqueles edifícios transformados em hotéis, restaurantes, lojas, que porta de entrada não seria!
E é engraçado que até já disse isto numa das sessões do Hipercluster do Mar. Acho é que ninguém soube ouvir!!
Sem dúvida que tem lógica o que diz, mas também é verdade que o crescimento verificado no Porto de Sines vai fazer deste um dos principais, se não mesmo o principal porto português em pouco tempo. É preciso ter especial atenção às tendências e à forma como o porto é administrado.
Ficamos à espera do terminal 21...
Quanto a Lisboa, claro que o recreio também deve ser explorado, mas a prioridade para cruzeiros é quanto a mim uma melhor aposta pelo volume de rendimentos gerado, directa e indirectamente.
Sines está demasiado longe da Área Metropolitana de Lisboa para a servir, mesmo que lhe melhorem os acessos... quanto mais não seja porque os senhores que decidem os modos de transporte das mercadorias estão em Lisboa, e se já se recusam a ir até Setúbal (até onde por acaso se demora menos a chegar e a sair que à confusão de Alcântara), de Sines nem falar. Sines pode ser um grande porto mas naquilo para que foi criado: transbordo (transhipment), assegurar os cruzamentos Norte-Sul e Este-Oeste, para o que está numa situação excepcional, a tal que nos leva a perguntar "Quem disse que Portugal é periférico?" antes pelo contrário, neste caso, tal como noutros, até se pode dizer que Portugal é um ponto nodal. E eventualmente conseguirá captar alguma mercadoria a Espanha, mas apenas à zona da Estremadura espanhola.
Quanto aos cruzeiros só vão gerar receitas quando Lisboa deixar de ser porto de escala (tirando os gastos nalguns passeios curtos, as receitas ficam quase todas a bordo) e passar a ser ponto de partida e de chegada (o que obriga a criar terminais de cruzeiros do tipo aeroporto). Aí sim, antes e depois de embarcarem os passageiros não estão sob o "controlo" dos operadres do navio! mais, podem prolongar a estadia em Lisboa, ou combinar o cruzeiro com uma estadia mais alargada em Portugal se os nossos operadores souberem fazer as coisas... e aí sim! os cruzeiros trazem receitas consideráveis à cidade e ao país...
Quanto à distância de Sines, não me parece uma razão muito significativa, se os acessos forem eficazes(então com uma terceira travessia no Tejo....) e o Governo assim o exigir.
Se o transhipment é de facto um importante elemento da cadeia em que Portugal se pode inserir no âmbito das rotas mercantis mundiais, é também um facto que Sines pretende ser mais do que isso, como a própria administração do mesmo afirma. No entanto sem um planeamento adequado e incentivos por parte do Governo então não vamos conseguir nada. Falta um dificil trabalho no aumento da eficacia alfandegária e na rapidez de processamento das cargas nos portos. É importante referir que Portugal tem das mais baixas taxas de eficácia nos portos... Existem ainda questões imoprtantes ao nível de gestão de trabvalhadores e mesmo atritos com sindicatos que devem ser resolvidos. Portanto, depende essencialmente dos Governos, e não só de um ou outro Governo, responder rapidamente a este desafio. Não é algo que possa esperar por Comissões atrás de Comissões, seguidas por Estruturas de Missão e afins que na prática pouco mudam a forma como os Oceanos são encarados pelo executivo. Falta passar das intenções aos actos...
Quanto a Setubal, um porto de carga de dimensão encaixado em zonas protegidas não me parece de todo uma boa opção. Para além disso não tem grande lógica a existência de vários portos vocacionados para cargas a curtas distâncias uns dos outros.
enquanto os portos portugueses forem um conjunto de capelinhas não vamos a lado nenhum... e todos os portos podem ter todo o tipo de cargas desde que a estratégia, e a decisão seja tomada em conjunto! e não como agora em que estão todos em concorrência uns com os outros!!!
foi essa a ideia da criação dos Portos de Portugal (em Espanha e em França existem estratégias conjuntas com portos bem maiores do que os nossos), tendo por base a ideia de que a dimensão e a estrutura de cargas de todos os nossos portos somados é equivalente à do porto de Marselha...
quanto a Setúbal, o facto de estar encaixado entre duas áreas protegidas é uma oportunidade e não uma restrição... para ser um grande porto do século XXI, um porto moderno e com preocupações ambientais, o porto de Setúbal apenas precisa do canal norte, onde já está servido de caminho de ferro e brevemente (espera-se) de bons acessos rodoviários...
e de uma barra dragada ao -15 ZH, o que é permitido pelo plano de ordenamento do parque...
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