Muitos foram os mapas roubados da Casa da Índia no séc. XVI por espiões de origens diversas. Entre os franceses, salientaram-se os de Dieppe. Os marinheiros de Dieppe foram intrusos no Brasil português, e estabeleceram a colónia francesa da Guiana, na margem ocidental do Oiapoco. Outros navegadores penetraram nos Grandes Bancos de Bacalhau dos portugueses, na Terra Nova. Jean Jacques Cartier era de Dieppe e as suas viagens para St. Lawrence conduziram à fundação do Canadá francês. Parmentier e outros viajaram até Samatra.
E tal como os Portugueses de um século antes, viram que era fundamental a pesquisa sistemática, recolha e selecção de material de hidrografia e cartografia. Estabeleceram em Dieppe, um centro de pesquisa. Ali, Pierre Desceliers, «padre, matemático e cartógrafo», ensinou os mais promissores dos jovens marinheiros as artes do mar. Dos estrangeiros atraídos para a escola, veio o escocês John Rose, ou Jean Rotz. E não tinham remorsos por furtar as ideias dos outros. As informações eram roubadas nos portos estrangeiros, sobretudo Lisboa. Dieppe era o mais bem organizado centro cartográfico do mundo, com o melhor serviço de informações da sua época. E quando a Casa da Índia foi violada e os dois mais secretos de todos os mapas portugueses foram contrabandeados para fora do país, não foi surpresa descobrir que o feito fora alcançado por esta soberba organização francesa. Um era a Carta Anónima Portuguesa, hoje na Biblioteca de Wolfenbuttel, na Alemanha. O outro era um mapa da Austrália, inserido no mapa de Dieppe conhecido hoje como o mapa Delfim.
4 comentários:
Curioso...é o meu primeiro nome..."ele" há coisas...
O livro é de leitura indispensável. Quando andam a perder algum tempo com o "putativo" nascimento português de Colón, aqui está uma causa de identidade muito mais sólida e de interesse actual para os australianos
E sabiam que fomos nós, os Portugueses, quem «descobriu» a Terra Nova??
Venham de lá notícias dos bacalhoeiros...!
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