Creio que temos de fomentar a imaginação do espírito empresarial e que este muito ganharia com uma nova onda de optimismo. Temos de desfazer o conceito que somos apenas um país de serviços, e de clusters de turismo e lazer…. É uma evidência que, para além de uma tendência para serviços, Portugal é uma terra que faz sobretudo “produtos bem feitos”. Até há uns 60 anos, éramos dos melhores na fundição do bronze, herança dos canhões das armadas. A construção naval e as obras portuárias nunca tiveram complexos. A indústria ligeira pautava-se pelos mais altos critérios de qualidade.
No passado, tivemos na altura a capacidade, com Albuquerque, e com escassos meios humanos, de identificar e controlar dois dos pontos mais sensíveis do mundo, o estreito de Ormuz e o estreito de Malaca. Soubemos também ser prudentes para travar a expansão pelas bandas de Timor. Na sombra soubemos reservar o Brasil e fazer coalescer um império africano imenso e desproporcionado, ainda no século passado, quando já nos auto flagelávamos sobre as nossa incapacidades e complexos. Não somos acéfalos, e está absolutamente provado que nunca preferimos soluções medíocres ante as contingências dos calendários.Em nome das nossas realizações globais, em nome do mérito de todas as guerras que travámos e até em nome das nossa derrotas.
Não podemos continuar a admitir que as próprias soluções técnicas das grandes obras sejam da autoria de empresas e laboratórios estrangeiros. Que obriguem os Laboratórios Nacionais a aceitar as soluções técnicas mais arriscadas sem crítica. A técnica portuguesa de há umas décadas atrás arriscava as grandes pontes, os grandes túneis ou as grandes interfaces intermodais com imaginação e com sentido crítico. É preciso reconhecer capacidade própria para a ousadia. Necessitamos parar e reflectir para, de seguida, retomar a ousadia das grandes propostas que relancem Portugal nas rotas dos grandes fluxos económicos que as nossas riquíssimas particularidades e posição única na Europa nos proporcionam, face às outras zonas económicas do Mundo.
segunda-feira, agosto 20, 2007
domingo, agosto 19, 2007
Portugal e o seu Futuro, por João Mattos e Silva
Portugal e o seu Futuro
João Mattos e Silva* (Ago-2007)
É quase impossível, para quem não se limita a ser português por determinismo geográfico, não comentar as declarações do escritor e Prémio Nobel José Saramago, de que Portugal haverá de integrar-se politicamente em Espanha, constituindo um grande país ibérico. Saramago não será o único a pensá-lo, mas foi dos poucos a dizê-lo alto e bom som. Não sei se ele é iberista, à moda do século XIX. Calculo que não está a pensar numa Europa federal, dominada por uma perspectiva liberal, ele que é militante do PCP que é ferozmente contra a UE e marxista-leninista. Como sei que não estará a pugnar por uma grande monarquia ibérica em que as nacionalidades estejam unidas sob a Coroa dos Bórbons.
Saramago estará, vendo de Espanha, a constatar uma realidade, que é a de que o país vizinho, pela pujança da sua economia vai a pouco e pouco dominando o mercado português em muitos sectores e que a economia é determinante nas escolhas políticas. Esta a sua constatação pragmática. Porque a sua utopia está expressa há muitos anos num romance: a península ibérica separando-se da Europa, revolucionária, comunista.
A indignação que dominou algumas boas almas, incluindo comentadores habituais da nossa comunicação social, deveria centrar-se menos no escritor e mais nas razões, que ele não enunciou, que levam a que muitas pessoas – segundo uma sondagem, 25% de portugueses – vejam numa integração num estado peninsular uma solução para a aparente falta de solução de Portugal. Razões que são sobretudo económicas mas também políticas.
Se é verdade que a questão das nacionalidades tem vindo a crescer em algumas regiões espanholas, que os povos que se não revêem no predomínio da velha Castela vão acentuando esse sentimento na manifestação das diferenças históricas e culturais, desde logo pelo uso ostensivo da língua na sua comunicação, é também verdade que o que constitui um fortíssimo elemento agregador é a Coroa. Por isso os independentistas se proclamam republicanos e rejeitam a Monarquia espanhola.
O poder agregador da Monarquia – não foi por acaso, mas por um acto de inteligência, que o PSOE desde sempre republicano e o PCE aceitaram e apoiaram a monarquia como factor de fortalecimento do Estado, depois do franquismo – é um facto e o fascínio pela dinastia uma realidade que funciona como uma força centrípeta. Quer se queira ou não, a Monarquia é uma das principais forças de atracção e de afirmação interna e externa da Espanha moderna. Os espanhóis sabem-no e os portugueses, mesmo se não o dizem, também sabem.
Ao olharmos para esses sinais de iberismo, que não são ainda de alarme, seria bom determo-nos em todos os aspectos que o motivam. Os mais objectivos e os mais subjectivos, os mais visíveis e os mais ocultos. Sabem-no os monárquicos que o Rei garante melhor a independência externa da Nação e do Estado – porque é a presença do passado que se projecta no futuro – do que um Presidente que é apenas, por escassos anos, um pedaço do presente e pode ser, como já foi entre nós, um federalista, ou poderá mesmo ser um iberista. Aos que querem preservar a independência de Portugal dentro do quadro Europeu convido a que meditem também na forma do regime, de forma desapaixonada. Porque o País é mais importante do que qualquer preconceito, como o caso espanhol é demonstrativo
João Mattos e Silva* (Ago-2007)
É quase impossível, para quem não se limita a ser português por determinismo geográfico, não comentar as declarações do escritor e Prémio Nobel José Saramago, de que Portugal haverá de integrar-se politicamente em Espanha, constituindo um grande país ibérico. Saramago não será o único a pensá-lo, mas foi dos poucos a dizê-lo alto e bom som. Não sei se ele é iberista, à moda do século XIX. Calculo que não está a pensar numa Europa federal, dominada por uma perspectiva liberal, ele que é militante do PCP que é ferozmente contra a UE e marxista-leninista. Como sei que não estará a pugnar por uma grande monarquia ibérica em que as nacionalidades estejam unidas sob a Coroa dos Bórbons.
Saramago estará, vendo de Espanha, a constatar uma realidade, que é a de que o país vizinho, pela pujança da sua economia vai a pouco e pouco dominando o mercado português em muitos sectores e que a economia é determinante nas escolhas políticas. Esta a sua constatação pragmática. Porque a sua utopia está expressa há muitos anos num romance: a península ibérica separando-se da Europa, revolucionária, comunista.
A indignação que dominou algumas boas almas, incluindo comentadores habituais da nossa comunicação social, deveria centrar-se menos no escritor e mais nas razões, que ele não enunciou, que levam a que muitas pessoas – segundo uma sondagem, 25% de portugueses – vejam numa integração num estado peninsular uma solução para a aparente falta de solução de Portugal. Razões que são sobretudo económicas mas também políticas.
Se é verdade que a questão das nacionalidades tem vindo a crescer em algumas regiões espanholas, que os povos que se não revêem no predomínio da velha Castela vão acentuando esse sentimento na manifestação das diferenças históricas e culturais, desde logo pelo uso ostensivo da língua na sua comunicação, é também verdade que o que constitui um fortíssimo elemento agregador é a Coroa. Por isso os independentistas se proclamam republicanos e rejeitam a Monarquia espanhola.
O poder agregador da Monarquia – não foi por acaso, mas por um acto de inteligência, que o PSOE desde sempre republicano e o PCE aceitaram e apoiaram a monarquia como factor de fortalecimento do Estado, depois do franquismo – é um facto e o fascínio pela dinastia uma realidade que funciona como uma força centrípeta. Quer se queira ou não, a Monarquia é uma das principais forças de atracção e de afirmação interna e externa da Espanha moderna. Os espanhóis sabem-no e os portugueses, mesmo se não o dizem, também sabem.
Ao olharmos para esses sinais de iberismo, que não são ainda de alarme, seria bom determo-nos em todos os aspectos que o motivam. Os mais objectivos e os mais subjectivos, os mais visíveis e os mais ocultos. Sabem-no os monárquicos que o Rei garante melhor a independência externa da Nação e do Estado – porque é a presença do passado que se projecta no futuro – do que um Presidente que é apenas, por escassos anos, um pedaço do presente e pode ser, como já foi entre nós, um federalista, ou poderá mesmo ser um iberista. Aos que querem preservar a independência de Portugal dentro do quadro Europeu convido a que meditem também na forma do regime, de forma desapaixonada. Porque o País é mais importante do que qualquer preconceito, como o caso espanhol é demonstrativo
sábado, agosto 18, 2007
A crise dos mercados
Sobre a crise conjuntural dos mercados e crise estrutural da globalização, dois artigos de colaboradores periódicos do SP, um português - Artur Rosa Teixeira e outro brasileiro - Nivaldo Cordeiro - dizem o mesmo.
Leias as análises:
Há-de cair de maduro, por Artur Teixeira http://www.somosportugueses.com/modules/articles/article.php?id=231
A CRISE DOS MERCADOS, por Nivaldo Cordeiro
http://www.somosportugueses.com/modules/articles/article.php?id=230 :sunny:
Leias as análises:
Há-de cair de maduro, por Artur Teixeira http://www.somosportugueses.com/modules/articles/article.php?id=231
A CRISE DOS MERCADOS, por Nivaldo Cordeiro
http://www.somosportugueses.com/modules/articles/article.php?id=230 :sunny:
quarta-feira, agosto 15, 2007
A Origem das Preocupações Sociais, por Nuno Cardoso da Silva
SESMARIAS
Nuno Cardoso da Silva iniciou um Blogue monárquico que também é de esquerda...radical, na sequência so seu apoio ao candidato Garcia Pereira para as intercalares 2007 da CML de Lisboa. Saudamos este novo espaço cibernáutico que, desde já, demonstra a abrangência do projecto monárquico democrático em Portugal! Os Buiças que se cuidem...!
A “Direita”, para se livrar das críticas feitas por alguma “Esquerda”, recorre sistematicamente à acusação de “marxismo”, chamando a atenção para o desastre que foi a experiência “socialista” da União Soviética. Ou seja, quem critica o capitalismo neo-liberal, globalizante, só pode ser um retrógrado marxista que nada mais deseja do que repetir os erros soviéticos, apoiado ainda por cima num horroroso totalitarismo.
É evidente que só um louco quereria repetir a experiência soviética, mas isso não significa que o ideal social tenha perdido a razão de ser, ou que o capitalismo seja o sistema sob o qual teremos de viver.
Curiosamente, há muitos séculos que o problema da justiça social se coloca, e que há um corpo doutrinário – que nada tem a haver com o marxismo, até porque o antecedeu de muito -, que nos dá orientações preciosas sobre a maneira de actuar em comunidade. A chamada Doutrina Social da Igreja – que nos propomos analisar neste Blogue com algum pormenor -, cuja origem está nos Evangelhos e nos escritos dos doutores da Igreja desde os primeiros séculos do cristianismo, há muito aponta para coisas tão óbvias como o “bem comum”, o destino comum dos bens terrenos, o caracter relativo do direito de propriedade, e até o imperativo ético e moral da opção pelos mais pobres. Apenas como uma primeira ilustração disto passo a citar (em tradução própria do texto em inglês) a seguinte passagem da obra Dos Deveres do Clero, de Sto. Ambrósio de Milão, que viveu no século IV d.C.:
“Em seguida consideraram estar de acordo com a justiça que se tratasse propriedade comum, ou seja pública, como pública, e propriedade privada como privada. Mas isto nem sequer está de acordo com a natureza, pois a natureza disponibilizou todas as coisas para uso comum de toda a gente. Deus ordenou que todas as coisas fossem produzidas de forma a que houvesse comida para todos, e que a terra fosse propriedade comum de todos. A natureza produziu portanto um direito comum para todos, mas a ganância transformou-o num direito apenas para alguns.” (Sto. Ambrósio de Milão, Dos deveres do Clero, Livro I, Cap. XXVIII – 132)
Não é preciso recorrer a Karl Marx para defender valores sociais de uma forma radical. O cristianismo há muito que se encarregou de tal fazer, mas são muitos os “cristãos” a quem convém substituir um imperativo de partilha e um respeito dos direitos dos mais pobres por uma vaga caridade voluntária, cujos limites são definidos pelos interesses de quem a pratica. A Igreja há muito que afirma que a propriedade privada só é legítima quando é posta ao serviço de todos, mas os nossos piosos “cristãos” consideram-na um direito absoluto que lhes permite canalizar para si todo o benefício da sua exploração.
Se há elemento da ideologia marxista que podemos adicionar ao que a Igreja há muito determina, é o de “luta de classes”, não como mecanismo desejável mas como elemento objectivo das relações dentro da comunidade. O espírito de ganância que parece ser próprio do Homem manifesta-se de forma individual – cada um procura o máximo para si -, mas a procura da eficácia na prática predatória levou a que os homens procurassem cumplicidades que tornassem as suas ambições mais faceis de alcançar. A mesma lógica que leva o bandido a associar-se com outros bandidos no seio do bando, leva os exploradores a associarem-se na exploração, o que leva a que os explorados procurem igualmente associar-se na resistência à exploração. É a eterna divisão entre predadores e presas, a que Marx optou por chamar “luta de classes”. E o curioso é que a Igreja, ao proclamar a opção pelos pobres, está a reconhecer essa realidade, já que contrapõe os interesses e direitos dos pobres aos interesses dos que o não são. Para Marx havia a classe burguesa e a classe proletária, para a Igreja há os ricos e os pobres. E tal como Marx não queria o mal dos burgueses mas a sua integração numa sociedade sem classes, também a Igreja não quer mal aos ricos, quer levá-los a colocar a sua riqueza ao serviço de todos e impedir que continuem a enriquecer à custa dos outros.
A propaganda capitalista, a posse quase exclusiva dos meios de comunicação social pelos agentes da oligarquia, tem tentado – com bastante sucesso, deve-se reconhecer – impedir que nos apercebamos do óbvio. Os lobos têm, até agora, conseguido que sejam os cordeiros a vir oferecer-se à sua gula, convencidos da inevitabilidade do seu destino como alimento. Os indícios do desastre económico e ambiental que se aproxima tornam urgente que os cordeiros se apercebam de que não têm de ser comidos, e que podem derrotar os lobos. Um mundo sem lobos pode não ser possível, mas é tempo de os tornar vegetarianos.
terça-feira, agosto 14, 2007
quinta-feira, agosto 02, 2007
Aconteceu
Teve lugar no passado dia 28 de Julho, na York House em Lisboa, o primeiro debate do think tank Somos Portugueses.
Foi analisado o projecto de resolução sobre a área metropolitana de Lisboa (ler documento), tendo sido unanimemente considerado que este continha bons diagnósticos da actual situação de Lisboa, bem como, soluções para os problemas que só podem ser compreendidos no âmbito da Área Metropolitana de Lisboa.
Os participantes optaram por adiar o voto relativo a este documento devido à utilidade de uma reorganização no texto, de modo a que se tornassem mais claras as suas diferentes secções e dando lugar à inclusão de algumas temáticas que se espera o venham fortalecer. Nomeadamente, serão incluídas cláusulas relativas à segurança, a problemas sociais, à necessidade de sincronização com a agenda da presidência portuguesa da União Europeia, bem como aos problemas de escala da Área Metropolitana de Lisboa, entre vários outros assuntos a esclarecer na nova versão do projecto de resolução.
Aos elementos que estiveram presentes agradecemos a comparência nesta época de férias e a todos os que não puderam estar presentes nesta data avançamos que haverá um debate final sobre este documento, já reescrito, em Setembro próximo, no qual esperamos poder contar convosco.
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